Pouco se fala no Brasil sobre o assunto Single Pilot Resource Management (SRM) talvez devido a pouca clareza dos regulamentos da Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC) além do pouco material publicado que aborde o tema. O SRM faz parte do CRM, porém voltado para a operação Single Pilot, onde um piloto atua simultaneamente como Pilot Flying (PF) e Pilot Monitoring (PM) e muitas vezes a operação ocorre em aeronaves complexas, como é o caso das operações de jatos leves, como o Phenom 100, Phenom 300, Citation Jet e outros.
O SRM torna-se mais relevante ainda quando analisamos os dados fornecidos pelo painel SIPAER fornecido através do site do CENIPA, é possível identificar que os eventos ocorridos nos últimos 10 anos, o fator humano representa 35% dessas ocorrências. Dessa forma, no atual cenário a operação single pilot está mais presente na maioria das aeronaves da aviação particular, nesse segmento o fator humano representa um total de 37% das ocorrências.
Para a ANAC o CRM nada mais é do que aperfeiçoar a coordenação e a comunicação de equipes, promovendo operações seguras decorrentes do uso eficiente de todos os recursos disponíveis que são eles recursos humanos, materiais, tecnológicos e da informação. A FAA ao perceber que o CRM está focado em tripulações, dois ou mais tripulantes, aplicou as ferramentas, métodos e conceitos na operação single pilot, como previsto obteve sucesso o que possibilitou a criação do programa SRM.
O piloto da aviação geral está envolvido com todo o sistema de sua operação, ou seja, desde o planejamento, manutenção, cliente, conforto, serviço de bordo e geralmente está comandando uma aeronave single, para que a mitigação das ameaças aconteça a FAA recomenda através de documentos o método dos 5P (Plan, Plane, Pilot, Passenger, Programming) responsável por gerenciar o planejamento, a aeronave, ele próprio, os passageiros e a programação dos equipamentos.
A FAA sugere para os tripulantes um exemplo de check list pessoal que analisa fatores dos 5P que gera um valor que é computado em um gráfico possibilitando a análise de risco da missão. Por outro lado, a legislação brasileira prevê o SRM através da IS 00-010A que cita em alguns trechos sobre o assunto, além de relacionar o CRM com o SGSO de uma empresa e caso ela opere aeronaves single pilot a possibilidade do curso de SRM.
Dessa forma, a operação single pilot em aeronaves complexas fica mais segura quando o piloto em comando (PIC) tem conhecimentos dos fundamentos do SRM, seguindo os pilares desse conceito fica mais simples, lógico e com menor carga de trabalho para a resolução da falha e o processo de tomada de decisão.
Este texto é uma contribuição de Daniel Siquinelli Marcilio, membro da Airmanship. Você pode comentar sobre o texto e interagir em nossa comunidade. O plano Basic é grátis! Saiba mais.