Este texto é uma tradução do artigo “Where Does Tower Expect You to Land” escrito por John Krug na coluna “Pilot’s Tip of the Week” do site Pilot Workshops. O artigo foi traduzido por Virgilio Albuquerque.

Nota do Piloto Completo: Leia nos comentários nossos destaques sobre o Brasil

Pergunta do assinante do site: “Caso a Torre simplesmente autorize o meu pouso, onde o controlador espera que eu toque a aeronave e onde eu devo livrar a pista?”

Jim B.

Resposta do Instrutor John:

“Estas são duas perguntas separadas. Vamos responder uma de cada vez.

Quando a Torre autoriza um pouso, você tem toda a pista disponível para você, a menos que o controlador diga o contrário em situações específicas como nas autorizações de pouso limitado até um determinado trecho da pista (LAHSO – Land and Hold Short Operations). Não há nenhuma regra prevista nos regulamentos de tráfego aéreo dos EUA (AIM e FAA Controller Handbook) que especifique um ponto da pista onde a aeronave deva tocar no pouso. O glossário do piloto/controlador define a Zona de Toque (Touchdown Zone) como os primeiros 3.000ft da pista a partir da cabeceira, mas não quer dizer que você precise tocar dentro da Zona de Toque.

Considerando uma aeronave de categoria de esteira de turbulência leve, se aproximando sob regras VFR, a Torre espera um toque entre os números da cabeceira e a marca de 1.000ft.

Se você quer tocar além da Zona de Toque para, por exemplo, evitar a esteira de turbulência de um jato que acabou de decolar ou para encurtar o período de táxi em uma pista longa, solicite autorização para um “pouso longo”. Isso permite que o controlador esteja ciente do pouso longo e consiga melhorar o gerenciamento do fluxo de tráfegos de decolagens e pousos.

Agora que você pousou, onde é esperado que você livre a pista?

O AIM diz para a aeronave livrar a pista sem atrasos e na primeira taxiway disponível, ou em alguma taxiway específica instruída pelo ATC, após a aeronave ter atingido a velocidade de táxi. Uma aeronave deve livrar a pista para ingressar diretamente em uma taxiway, a menos que receba uma instrução diferente do ATC. Na ausência de instruções do ATC, você deve ter certeza de que de fato livrou a pista, ou seja, nenhuma parte da aeronave continua atrás das barras da parada da taxiway, ainda dentro dos limites da pista – mesmo que isso signifique que a aeronave tenha que avançar sobre outra taxiway ou área de rampa. Entretanto, você não deve livrar a pista sobre uma outra pista de interseção, ou cruzar uma taxiway, a menos que receba essas instruções específicas do ATC. Nos aeroportos que possuem Torre de Controle, os pilotos não devem parar sobre a pista ou retornar sobre a pista para outra taxiway, sem antes receberem essas autorizações específicas do ATC.

Um dos meus aborrecimentos ocorre quando um controlador emite uma autorização para livrar a pista e informa as instruções de táxi enquanto a aeronave ainda está no flare para pouso, ou quando acabou de tocar na pista e ainda precisa desacelerar. Este não é um momento adequado para o piloto tirar a atenção dos controles da aeronave para falar com o controlador. Caso isso aconteça com você, mantenha o foco no pouso e na desaceleração, respondendo ao ATC somente quando se sentir seguro para isso.

Ultimamente, quando recebo a autorização de pouso, eu tenho avisado ao controlador sobre a localização do aeroporto para a qual desejo ir. Isso ajuda o controlador a planejar qual será o melhor ponto para eu livrar a pista.”


Comentários do Piloto Completo: Realidade do Brasil

Por aqui só não temos as operações LAHSO mencionadas acima, no mais também não há na regulamentação ANAC e nas publicações DECEA nenhuma especificidade sobre onde tocar a pista.

Ainda assim, é fundamental que você siga os padrões internacionais de aproximação estabilizada e quando operando em pistas bem sinalizadas utilize a mira e área de toque (normalmente situada a 300 metros do início da cabeceira).

Onde não houver marcações (como em pistas de terra e grama) ou quando a pista for mais curta, é fundamental que você se planeje e determine um ponto de toque e se comprometa com ele. Realize os cálculos para performance de pouso e distância de frenagem, incluindo os adicionais para fatoração e contaminação de pista. Comunique o seu colega tripulante sobre isso e abra espaço para dúvidas e avaliações de risco.

E se sua aproximação não estiver estabilizada ou não tiver certeza que vai conseguir tocar na marca? Simples: arremeta.

Excursão de pista é o 5º tipo de ocorrência mais frequente no Brasil nos últimos 10 anos, com mais de 330 eventos.

Durante seu briefing de aproximação também é importante analisar e combinar onde pretende livrar a pista. Conheça a movimentação de solo em aeroportos maiores e a localização do seu pátio de destino. Além de agilizar a sua operação e a dos demais, pode evitar que você se veja de frente com uma aeronave maior que a sua e as coisas fiquem estranhas, afinal mesmo que pudesse fazer um “power back” não seria bonito ingressar na pista em uso assim, não é mesmo?

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