“O piloto em comando de uma aeronave é diretamente responsável por sua operação e tem autoridade final sobre a mesma.”
À primeira vista, esta regra parece bem direta: você tem a palavra final sobre a operação da aeronave. Você é o chefe. Simples, certo? Bem, nem tão simples. Esta regra é basicamente o “C” em PIC (Piloto em Comando) e vem acompanhada de uma série de responsabilidades além de apenas operar fisicamente a aeronave. Encapsula o que eu gosto de chamar de suas “Habilidades C”.
Quando comecei meu treinamento básico, meu instrutor de voo estava focado principalmente em desenvolver minhas “Habilidades P” – aprender a pilotar o avião de verdade. Mas, uma vez que aprendi o ato físico de voar, meu treinamento lentamente se transformou em desenvolver minhas “Habilidades C”. Essas habilidades incluíam reconhecer e lidar com emergências, como se comunicar efetivamente pelo rádio e, provavelmente a mais importante de todas, como observar e evitar o tráfego aéreo. Todas essas habilidades não têm nada a ver com superfícies de controle e tudo a ver com ser PIC.
A verdade é que você só vai conseguir desenvolver e aprimorar suas “Habilidades C” de verdade depois de pegar a licença. Por exemplo, lembra do seu primeiro voo real de navegação cross-country? Não aquele que você meticulosamente planejou com seu instrutor, mas o que você planejou sozinho para levar seus amigos e/ou família em um incrível passeio de um dia que só um piloto privado recém-formado poderia realizar. É, esse mesmo. Aposto que durante esse voo, ou em um bem parecido, você olhou para o assento do copiloto e quis fazer uma pergunta (ou três) para o seu instrutor. Com certeza eu fiz. É você lá em cima, ninguém mais; você está “no comando”, mesmo que não se sinta assim! Não é tão simples assim, né?
Aos poucos, comecei a entender que é fundamental usar todas as minhas “Habilidades P” para desenvolver e aprimorar as minhas “Habilidades C”. Mas como?
Bem, um bom lugar que encontrei está no meu planejamento pré-voo. Por exemplo, agora, quando planejo um voo cross-country, especialmente VFR, o voo direto raramente é uma opção. Quero sempre ter aeroportos por baixo de mim, caso precise pousar por qualquer motivo. O mesmo vale para a escolha da altitude de voo.
Outra área para exercitar suas “Habilidades C” é o briefing dos passageiros. Seu briefing é uma oportunidade de ouro para você realmente ser o PIC, inspirando confiança em seus passageiros de que
a) você sabe pilotar um avião com segurança e
b) o que eles podem esperar e até mesmo fazer para ajudar na operação do voo.
Falando em comunicação, ser PIC também significa perceber que sua relação com o ATC é bidirecional. Você precisa se manifestar se não entender o controlador. Meu mantra é: na dúvida, pergunte. Ponto final. Não tenha vergonha, esteja seguro. E use sempre a fraseologia adequada para fazer seu pedido rapidamente – isso é especialmente importante em espaços aéreos congestionados. Por outro lado, não se deixe intimidar pelo ATC. Por exemplo, ao voar por instrumentos (IFR), você tem todo o direito de cancelar o voo no solo para um aeroporto sem torre por telefone, em vez de fazer isso imediatamente no ar. Exercite esse direito.
A ironia de tudo isso é que, quando comecei a voar, tratei a regra como uma mera bobagem. Mas agora, à medida que acumulo mais horas, vejo que é uma das regulamentações mais importantes de toda a Part 91! Fechando o círculo, estar “no comando” é tanto uma habilidade quanto uma responsabilidade, e espero aprimorá-la a cada voo.
Este texto é uma tradução do artigo “The “C” in PIC” escrito por Alexander Sack no site Airfacts Journal.
O artigo foi traduzido e adaptado por Matheus Schmidt.
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