O aglomerado de gotas diminutas de água em suspensão no ar é a definição de Nuvem.

Imagem de Erwin em Airliners.net

Já reparou que seu copo com alguma bebida gelada costuma ficar molhado por fora após um tempo? O mesmo acontece com algum objeto gelado que foi retirado do freezer ou geladeira. Seu carro também pode amanhecer molhado após uma madrugada bem gelada. Todos esses cenários são a mesma coisa que está acontecendo na imagem acima.

Ainda que invisível aos nossos olhos, o ar está o tempo todo em movimento e reagindo às nossas ações e às mudanças naturais de temperatura. Não esqueçamos que ele é um fluido, mas no estado gasoso. Quando o ar entra em contato com um objeto mais frio, a sua temperatura começa a diminuir nas proximidades desse mesmo objeto. Quanto mais a temperatura cai, mais próximo de condensar ele fica. Condensar? Sim. Existe vapor d’água na composição do ar e quanto mais frio, menos ele é capaz de manter a água vaporizada. Logo, a temperatura do ar chega no ponto de orvalho e o objeto, como seu copo de água gelada, começa a ficar molhado.

Imagem retirada de EscolaEducação.com.br

O que o copo tem a ver com o avião? O copo nada, mas o efeito tem tudo a ver. Se o ar condensa com a temperatura menor, temos então duas maneiras de condensá-lo. Acelerar ou diminuir sua pressão. Na asa de uma aeronave, os dois acontecem ao mesmo tempo. Aprendemos que no extradorso da asa o ar está mais rápido e com menor pressão que o ar do intradorso. Além disso, a sua aceleração e perda de pressão acontecem de forma muito rápida.

Em ambos os casos, se trata apenas da condensação da água. A diferença é que na asa de um avião o efeito é muito mais rápido e também muito mais lindo. O ar condensa tão rápido que uma espécie de nuvem se forma, não só na asa, mas também nas entradas de ar dos motores. O ar que está à frente do motor é sugado e acelerado muito rapidamente, diminuindo sua temperatura e pressão. O efeito que fica é um disco de nuvem na entrada de ar dos motores.

Imagem retirada de Flightaware.com

Não é sempre que a condensação acontece nas asas e motores dos aviões comerciais, já que as condições do ar precisam estar favoráveis para que seja possível vê-lo como nas fotos. Nos aviões de caça é quase sempre possível ver o efeito, já que eles são capazes de manobras muito mais intensas e em altas velocidades, mudando rapidamente o ângulo de ataque e gerando o efeito conforme realizam as manobras.

Imagem de Tim Lachenmaier em Airliners.net

Outro evento que causa esse efeito é quando uma aeronave alcança a velocidade do som. Durante a fase transônica, o ar a frente da aeronave está supersônico, enquanto o ar próximo à asa está mais lento, o que causa uma mudança abrupta de pressão, gerando o famoso cone.

Imagem de Andreas Zeitler em Airliners.net

E por falar em aeronave supersônica, a condensação era também quase sempre perceptível no Concorde e não era só enquanto ele acelerava para velocidades supersônicas. A asa do Concorde foi projetada para voar a Mach 2. Nessa velocidade o Concorde era o mais eficiente possível, mas durante o voo subsônico sobre o continente, sua asa em formato Delta não podia alcançar a eficiência para a qual foi projetada. O efeito da condensação no Concorde era quase sempre perceptível porque em velocidades menores, sua asa gerava vórtices enormes no extradorso. Esses vórtices o mantinham voando de maneira menos ineficiente em velocidades subsônicas. O Concorde foi uma revolução incrível na indústria aeronáutica.

Imagem retirada de thepointsguy.com

Qualquer coisa, por mais simples que pareça, se torna muito interessante quando paramos para observar. Quem diria que um copo ficando molhado teria relação com a mágica do voo se tornando visível aos nossos olhos.


Higor Rodrigues

Higor é piloto privado ainda em treinamento e técnico em manutenção de computadores. É amante do automobilismo e desde a infância aspirante a piloto. Sempre estudando os três temas, agora contribui neste site com o que está sempre aprendendo.

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