“O piloto em comando de uma aeronave é diretamente responsável por sua operação e tem autoridade final sobre a mesma.”

À primeira vista, esta regra parece bem direta: você tem a palavra final sobre a operação da aeronave. Você é o chefe. Simples, certo? Bem, nem tão simples. Esta regra é basicamente o “C” em PIC (Piloto em Comando) e vem acompanhada de uma série de responsabilidades além de apenas operar fisicamente a aeronave. Encapsula o que eu gosto de chamar de suas “Habilidades C”.

Foto de Avel Chuklanov na Unsplash

Quando comecei meu treinamento básico, meu instrutor de voo estava focado principalmente em desenvolver minhas “Habilidades P” – aprender a pilotar o avião de verdade. Mas, uma vez que aprendi o ato físico de voar, meu treinamento lentamente se transformou em desenvolver minhas “Habilidades C”. Essas habilidades incluíam reconhecer e lidar com emergências, como se comunicar efetivamente pelo rádio e, provavelmente a mais importante de todas, como observar e evitar o tráfego aéreo. Todas essas habilidades não têm nada a ver com superfícies de controle e tudo a ver com ser PIC.

A verdade é que você só vai conseguir desenvolver e aprimorar suas “Habilidades C” de verdade depois de pegar a licença. Por exemplo, lembra do seu primeiro voo real de navegação cross-country? Não aquele que você meticulosamente planejou com seu instrutor, mas o que você planejou sozinho para levar seus amigos e/ou família em um incrível passeio de um dia que só um piloto privado recém-formado poderia realizar. É, esse mesmo. Aposto que durante esse voo, ou em um bem parecido, você olhou para o assento do copiloto e quis fazer uma pergunta (ou três) para o seu instrutor. Com certeza eu fiz. É você lá em cima, ninguém mais; você está “no comando”, mesmo que não se sinta assim! Não é tão simples assim, né?

Aos poucos, comecei a entender que é fundamental usar todas as minhas “Habilidades P” para desenvolver e aprimorar as minhas “Habilidades C”. Mas como?

Bem, um bom lugar que encontrei está no meu planejamento pré-voo. Por exemplo, agora, quando planejo um voo cross-country, especialmente VFR, o voo direto raramente é uma opção. Quero sempre ter aeroportos por baixo de mim, caso precise pousar por qualquer motivo. O mesmo vale para a escolha da altitude de voo.

Outra área para exercitar suas “Habilidades C” é o briefing dos passageiros. Seu briefing é uma oportunidade de ouro para você realmente ser o PIC, inspirando confiança em seus passageiros de que
a) você sabe pilotar um avião com segurança e
b) o que eles podem esperar e até mesmo fazer para ajudar na operação do voo.

Foto de Kristina Delp na Unsplash

Falando em comunicação, ser PIC também significa perceber que sua relação com o ATC é bidirecional. Você precisa se manifestar se não entender o controlador. Meu mantra é: na dúvida, pergunte. Ponto final. Não tenha vergonha, esteja seguro. E use sempre a fraseologia adequada para fazer seu pedido rapidamente – isso é especialmente importante em espaços aéreos congestionados. Por outro lado, não se deixe intimidar pelo ATC. Por exemplo, ao voar por instrumentos (IFR), você tem todo o direito de cancelar o voo no solo para um aeroporto sem torre por telefone, em vez de fazer isso imediatamente no ar. Exercite esse direito.

A ironia de tudo isso é que, quando comecei a voar, tratei a regra como uma mera bobagem. Mas agora, à medida que acumulo mais horas, vejo que é uma das regulamentações mais importantes de toda a Part 91! Fechando o círculo, estar “no comando” é tanto uma habilidade quanto uma responsabilidade, e espero aprimorá-la a cada voo.

Este texto é uma tradução do artigo “The “C” in PIC” escrito por Alexander Sack no site Airfacts Journal.
O artigo foi traduzido e adaptado por Matheus Schmidt.


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