As aeronaves são pressurizadas para manter a pressão interna próxima a do nível do mar
Sabemos que as aeronaves mais modernas são pressurizadas para manter o oxigênio em níveis confortáveis para a sustentação da vida a bordo, tentando se manter o mais próximo possível da pressão atmosférica ao nível do mar. Quando ouvimos o termo ‘pressurizado’, é comum imaginarmos que a aeronave está com um pressão acumulada em seu interior, como uma panela de pressão. Será que é só isso?
Se você já parou em algum posto para recalibrar os pneus de seu carro, moto ou bicicleta, então você conhece a unidade PSI de pressão. Normalmente se usa 30 PSI nos pneus carro. Esse valor nos indica que, a diferença de pressão entre a pressão dentro da câmara do pneu e a pressão atmosférica é de 30 PSI. Como assim?
Quando estudamos nossa atmosfera, é comum vermos a unidade ATM. Nossa atmosfera é igual a 1 ATM. Se convertermos esse valor para PSI, teremos 14.7 PSI. Se na atmosfera temos 14.7 PSI e o gauge do compressor de ar do posto indica 30 PSI no pneu do carro, logo temos um total de 44.7 PSI no interior do pneu. É necessário que a pressão no interior do pneu seja maior que a indicada no gauge, já que o lado externo do pneu está sob os efeitos da pressão atmosférica. Se o total de pressão fosse de fato 30 PSI, o pneu ficaria flácido demais, apresentando 15.3 PSI.
O mesmo serve para a pressurização de uma aeronave. Ao nível do mar a aeronave está com a pressão interior igualada a pressão do ar externo. Conforme a aeronave sobe, a pressão externa diminui enquanto a pressão no interior diminui numa razão muito inferior, de forma quase imperceptível, até que a diferença entre elas atinja um valor próximo de 8,6 PSI. Quanto mais a aeronave subir, maior será a diferença de pressão, comumente indicada no painel como ΔPSI (delta PSI).
Se a aeronave mantivesse a pressão imutável conforme subisse, o Δ PSI ficaria cada vez maior. Por esse motivo, uma aeronave comercial voando a 30.000 pés tem uma pressão interna equivalente a de 5.000 pés, enquanto a que voa nos 40.000 pés tem uma pressão interna equivalente a de 9.000 pés. O que torna a aeronave pressurizada é o ambiente onde ela se encontra. Ao nível do mar ela a pressurização não é necessária, mas nas altitudes de cruzeiro, por manter a pressão do ar dentro dos limites confortáveis para a vida, a pressão interna aumenta comparada com a externa. Em algumas aeronaves, o teto operacional é definido não pela performance da asa ou motor, mas sim pelo limite de pressão que a cabine suporta.
O método de pressurização de uma aeronave não é tão diferente do que ocorre com uma bexiga de ar quente que ganha altitude. Quanto mais alto, maior ela fica.
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